Viradas de mesa no futebol brasileiro (entre 1974-2005)




Os fatos que vocês irão ler mostram o lado obscuro do futebol brasileiro, e a página mais vergonhosa da história do esporte.

1974
O Vasco ganha na Justiça Desportiva o direito de fazer a final com o Cruzeiro, disputada em uma só partida, no seu estádio, por conta da invasão de um torcedor no Mineirão, na fase classificatória. No Maracanã, os cariocas venceram. Sobram boatos de que o mando de campo foi comprado, pois a diretoria do Cruzeiro mal reclamou da decisão.

1982
O Palmeiras é rebaixado. Em vez de disputar a segundona em 83, é inventada a Taça de Prata, cujo campeão somava-se aos classificados para a fase final da Séria A no mesmo ano. O Palmeiras vence o torneio e, assim, volta ao grupo de elite sem jogar a segundona.

1983
Mesma coisa do ano anterior, agora beneficiando Corinthians e Atlético-PR.

1986
O Brasil de Pelotas-RS foi 3° colocado do Brasileirão de 1985. Porém, inexplicavelmente, eles foram rebaixados diretamente para a Terceira Divisão. Deve ter sido castigo dado pelos corruptos do esporte na época por ter ganhado do Flamengo nos dois anos anteriores...

1987
O Botafogo deveria disputar a Segunda Divisão, porém com a criação da Copa União, ficou no grupo de elite, o Módulo Verde. Em compensação, o América-RJ, 3° no campeonato anterior e com um time histórico, disputou o Módulo Amarelo (na prática, a Segundona)

1989
O Vasco da Gama havia ganho o direito de disputar jogos decisivos no mesmo horário dos rivais. O Coritiba quis o mesmo na segunda fase, antes de um jogo contra o Santos, que a CBF (então comandada por um velho decrépito chamado Octávio Pinto e com os nefastos Nabi Abi Chedid e Eurico Miranda de vices-presidentes eleitos) tinha marcado em horários diferentes.

Absurdamente, a CBF negou o direito do Coxa, que não foi a campo. Resultado: Rebaixamento para o time paranaense.

1992
Foi tentado uma virada de mesa para não rebaixar Grêmio e Vitória, mas evidentemente Internacional e Bahia rechaçaram a ideia que beneficiaria os rivais, após no Clube dos 13. Para não correr riscos com o Grêmio, rebaixado para a Série B de 1991, é definido o ascenso de 12 times, ao invés de dois como eram nos anos anteriores. O Imortal terminou em 9º lugar.

1993
Com 32 times, um grupo de elite é formado nos grupos A e B. Os menores ficam  nos grupos C e D. A divisão é por critérios políticos, já que times que foram bem na Série B de 92 (Vitória e Paraná), terminam nos grupos C e D assim como a Portuguesa, que foi bem na Série A de 1992. Já o Grêmio, 9º colocado da Série B em 1992, vai direto para o grupo de elite... Ah, e não havia rebaixamento nos grupos A e B. Uma vergonha, muito pior do que o ocorrido de 1992.

1996
Fluminense é rebaixado em campo, mas os clubes e a CBF entram em um ''consenso'' decidem recolocar o tricolor das Laranjeiras na Série A em 1997 por conta da tradição.

1999
O Botafogo leva 6 a 1 do São Paulo mas ganha os pontos da partida, por um erro do STJD botafoguense comandado pelo ridículo Luiz Zveiter que adotou uma análise bizarra de seus próprios regulamentos. Sandro Hiroshi atuou com inscrição irregular: tinha registro em federações de dois Estados brasileiros. Os pontos salvam o Botafogo (e não o Internacional, que escaparia de qualquer maneira se não houvessem resultados invertidos) e resultam no rebaixamento do Gama. Mais detalhes aqui.

2000
O Gama, rebaixado em função dos pontos conquistados pelo Botafogo nos tribunais desportivos, entra na Justiça Comum e ganha liminar. O Clube dos 13 organiza Copa João Havelange, com o Gama. Aproveitando o embalo, sobem o Fluminense, o Juventude e o Bahia, que tecnicamente deveriam disputar a Série B 2000. Assim como no ano anterior, clique aqui para saber mais detalhes sobre o episódio.

2005

Em 2005, o árbitro Edílson Pereira de Carvalho assume estar envolvido em esquema de manipulação de jogos. Ele tinha apitado 11 jogos, mas só três estavam envolvidos no esquema.

Porém, inexplicavelmente e contra todas as recomendações e contra declarações dele mesmo, o presidente do STJD Luiz Zveiter anula todos os 11 jogos na manhã de domingo, 1° de outubro. Ao invés de líder, o Internacional acorda em terceiro lugar, atrás do Corinthians e do Goiás.

A decisão é claramente favorável ao Corinthians, que tinha perdido dois dos jogos anulados e que seriam remarcados. E iria contra o próprio código da Justiça Desportiva.

O curioso ocorreu no jogo Juventude x Fluminense. Edílson tinha sido pago para beneficiar o Flu, mas o Juventude venceu. Porém como todos os 11 jogos foram anulados, o Flu teve a chance de jogar de novo e acabou ganhando a partida em Caxias do Sul. Ou seja, a remarcação acabou dando exatamente o resultado exigido pelos corruptores.

O impacto é imediato no ânimo dos torcedores: no mesmo dia, um confronto generalizado ocorre em Internacional 2x2 Fluminense, e no jogo remarcado Santos x Corinthians o time da capital goleia com vários santistas sendo expulsos e o estádio interditado. O Corinthians chega a estar 11 pontos na frente do Inter, que recupera terreno até a "decisão", antepenúltima rodada no Pacaembu, dia 20 de novembro.

Neste jogo, depois de sair perdendo para o Timão com 1 gol de Carlos Tévez, o Inter empata com Rafael Sobis. No finalzinho da partida, Tinga sofre pênalti claro de Fábio Costa mas o árbitro Márcio Rezende de Freitas não marca e ainda expulsa Tinga, acusado de simular a infração. O jogo termina 1x1 e o Corinthians é campeão por três pontos. Caso os resultados originais tivessem sido mantidos, o Internacional seria campeão com um ponto de vantagem.

Depois disto, o presidente do STJD é afastado do cargo em decisão do Conselho Nacional de Justiça. O último capítulo desta história aconteceu no final do ano passado, quando o ex-presidente corinthiano Alberto Dualib afirmou, em escutas telefônicas, que o Corinthians foi campeão em 2005 por causa de um jogo roubado.

Um dos capítulos mais negros da história do futebol brasileiro. E um sentimento de revolta que marca até hoje os colorados, que secam o Corinthians tão ou mais que o eterno rival Grêmio.

A ausência de alguns clubes grandes nesse levantamento não sugere que os mesmos estão ''limpos'', pois as viradas de mesa são apenas um entre os vários tipos de escândalos que ocorreram na história do nosso futebol. Ainda temos escândalos de arbitragem (combinação de resultados e compra de juízes), malas pretas, suborno, e os clubes aqui não mencionados certamente estão envolvidos em alguns desses episódios, infelizmente.


Fonte: Pesquisas online e em jornais antigos / Alexandre Perin (clickrbs)


Abs,

Rafael Barros

Os clubes beneficiados pelas chamadas ''Viradas de mesa''





Ao longo das edições do Campeonato Brasileiro, muitas vezes o regulamento foi mudado ''repentinamente'' durante a competição. Segundo o levantamento feito por mim, ao todo 45 equipes já foram beneficiadas (direta ou indiretamente) por estas modificações. São as tristes e famosas "Viradas de Mesa".

Eis os clubes:

América-MG
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi resgatado diretamente da Segunda Divisão, onde estava em 1999, para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2000 ( a Copa João Havelange)

América-RJ
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

América-RN
Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Americano-RJ
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Anapolina-GO
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Bahia
Foi resgatado diretamente da Segunda Divisão, onde estava em 1999, para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2000 ( a Copa João Havelange)

Bandeirante-DF
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Bangu-RJ
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Botafogo-RJ
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Botafogo-SP
Foi resgatado do Módulo Amarelo, equivalente a Segunda Divisão de 2000, diretamente para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2001.

Bragantino-SP
Ao se classificar em último lugar, entre os 24 participantes do Campeonato Brasileiro de 1996, deveria ter sido rebaixado, no entanto, a CBF alegou a existência de problemas relacionados à arbitragem e cancelou o rebaixamento.

Brasil-RS
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Caxias-RS
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Ceará
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Central-PE
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1997 foi cancelado.

Comercial-MS
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Coritiba
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Criciúma
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

CSA
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Desportiva
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Figueirense
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.


Fluminense
Ao ficar em penúltimo lugar entre os 24 participantes do Campeonato Brasileiro de 1996, deveria ter sido rebaixado, no entanto, a CBF alegou a existência de problemas relacionados à arbitragem e cancelou o rebaixamento.

Foi resgatado diretamente da Segunda Divisão, onde tinha conseguido acesso ao ser campeão da Terceira Divisão em 1999, para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2000 (a Copa João Havelange). Leia mais aqui.

Fortaleza
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Goiás
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Goiatuba-GO
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1997 foi cancelado.

Grêmio
O Regulamento do Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão de 1992 previa o acesso de apenas duas equipes, no entanto, com uma fraca campanha durante a Primeira Fase, o Grêmio foi beneficiado pela mudança do regulamento que passou a classificar 12 equipes para a Primeira Divisão de 1993.

Joinville-SC
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Juventude
De acordo com o regulamento do Campeonato Brasileiro de 1999, que considerava a média de pontos, o Juventude teria sido rebaixado, no entanto, a confusão provocada pelos problemas que envolveram a falsificação de documentos do jogador Sandro Hiroshi, permitiu que seu rebaixamento fosse cancelado.

Marcílio Dias
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Nacional-AM
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Náutico
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Paraná
Foi resgatado do Módulo Amarelo, equivalente a Segunda Divisão de 2000, diretamente para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2001.

Paysandu
Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Ponte Preta
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1996 foi cancelado.

Remo
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Ríver-PI
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Santa Cruz
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Santos
Em 1982, o Santos ficou apenas em décimo no campeonato paulista que era classificatório para o campeonato brasileiro. Deveria disputar a Taça de Prata em 1983, no entanto, o critério para definição dos participantes foi deixado de lado, e o Santos foi convidado a disputar a Taça de Ouro de 1983, quando chegou a um surpreendente vice-campeonato.

São Caetano
Foi resgatado do Módulo Amarelo, equivalente a Segunda Divisão de 2000, diretamente para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2001.

Sergipe
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1997 foi cancelado.

Serra-ES
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Sobradinho
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

União São João
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Vasco da Gama
O regulamento do Campeonato Brasileiro de 1974 previa que a final do campeonato teria como mandante a equipe com melhor campanha ao longo de todo o campeonato. No caso o jogo seria no Mineirão, uma vez que o Cruzeiro tinha a melhor campanha, no entanto a equipe mineira foi punida, devido problemas ocorridos em um jogo anterior realizado no Mineirão frente o próprio Vasco da Gama. A CBD (atual CBF) não apenas tirou a partida final do Mineirão como colocou no Maracanã, isto é, o regulamento foi ignorado.

O mesmo fato ocorrido com o Santos aconteceu com o Vasco em 1983, quando ficou em nono no estadual daquele ano e foi “levado” para a Taca de Ouro de 1984, quando também conquistou o vice-campeonato.

Na Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o regulamento previa a classificação de 6 equipes em cada um dos grupos que contava com 11 participantes. A equipe carioca fazia má campanha e inúmeras manobras foram feitas tendo em vista punir outras equipes, com perda de pontos, entre elas o Joinville e a Portuguesa. A solução foi aumentar o número de equipes classificadas, o que significou a classificação do Vasco para a Segunda Fase.

Villa Nova-MG
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.


A ausência de alguns clubes grandes nesse levantamento não sugere que os mesmos estão ''limpos'', pois as viradas de mesa são apenas um entre os vários tipos de escândalos que ocorreram na história do nosso futebol. Ainda temos escândalos de arbitragem (combinação de resultados e compra de juízes), malas pretas, suborno, e os clubes aqui não mencionados certamente estão envolvidos em alguns desses episódios, infelizmente.


Fonte: Pesquisas próprias 


Abs,

Rafael Barros