O escândalo das ''papeletas amarelas''




300 mil cruzados (moeda da época) foram parar na conta de um dirigente do Flamengo. Alegação era de que o dinheiro iria ser usado em operações para facilitar o título carioca do Rubro-Negro naquele ano.

13/10/1986 - O escândalo das Papeletas Amarelas em poucas palavras ocorreu devido a um conflito político interno no Clube de Regatas do Flamengo que fez ficar evidente na época que o clube destinava parte de suas receitas para a compra de árbitros e adversários. As provas (notas fiscais* de cor amarela - daí o nome do episódio) da picaretagem surgiram nesse ano, mas o esquema em si ninguém sabe quando começou.

O escândalo ocorreu durante a administração do presidente George Helal com valores que pode ter chegado a 4 milhões de cruzados - quantia igual gasta na época pela equipe rubro negro pelo atacante Kita. Apos as denuncias, o conselho deliberativo do clube queria saber onde tinham sido gastos os 300,00 mil cruzados depositados na conta do vice presidente de esportes amadores, Leo Rabelo.

Duas versões surgiram na época: a do vice presidente Leo Rabelo que garantiu que o dinheiro fora usado para pagamentos a atletas amadores e profissional, mas não apresentou recibo provando o que dissera em sua defesa. Helal, que numa reunião com dirigentes do Flamengo reafirmou que o

dinheiro fora entregue ao diretor de árbitros da Federação, Paulo Antunes, resolveu dar um ponto final ao caso: "Os 300,00 mil cruzados foram distribuídos como doping positivo para incentivar os clubes pequenos contra nossos rivais". Foi uma saída esperto do dirigente. Como subornador de árbitros, Helal seria incurso no artigo 288 no Código Brasileiro Disciplinar de Futebol e estaria eliminado do esporte. Como aplicador de "doping positivo", passaria para o 289 e sua pena seria de 90 a 360 dias

Abaixo os vídeos com as várias explicações dadas por figuras do clube na época. Prestem atenção nas palavras do advogado do Flamengo e no jovem repórter Tino Marcos.

O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte I



O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte II 

 

O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte III 

 

O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte IV 

 

Polêmica antes da final do Carioca de 1986 

 

* A expressão "notas fiscais" foi utilizada aqui em sentido figurado, cabe a explicação: o conteúdo das papeletas amarelas provavelmente era mais semelhante ao dos famosos "caderninhos" encontrados nas casas dos traficantes de drogas quando presos, que possibilitam um mínimo de controle contábil.



Fonte: Apito Nacional

Abs.
ST!


Rafael Barros

Fluminense e o acesso da série C para a série A: Entenda



Porque o Fluminense não disputou a segunda divisão e a virada de mesa dos seus adversários. Entenda:

Após o rebaixamento para a terceira divisão em 1998, o Fluminense contratou toda a comissão técnica da seleção brasileira, capitaneada por Carlos Alberto Parreira, e sagrou-se campeão brasileiro da série C em 1999, conquistando o direito legítimo de disputar a segunda divisão no ano 2000.

A partir desse ponto uma série de fatos ocorreu, e várias questões foram levantadas: Por que o Fluminense não disputou a série B, jogando diretamente a série A? Virada de mesa do Fluminense? Acordo de bastidores para ajudar o clube? Neste texto vamos ver o que realmente aconteceu e quem realmente "virou a mesa".

O Campeonato Brasileiro de 1999


Enquanto disputava a série C, em 1999, os torcedores do Fluminense assistiam a um dos mais vergonhosos episódios do futebol brasileiro, cujos principais responsáveis são bem conhecidos por todos. Neste campeonato, a CBF mudou o critério de rebaixamento, claramente para favorecer os clubes de maior expressão. A entidade que organiza o futebol brasileiro determinou que cairiam para a Série B, em 2000, os quatro clubes que tivessem a menor média de pontos nos campeonatos de 1998 e 1999, critério que nunca tinha sido adotado anteriormente, e cuja fórmula de cálculo era complexa para a visão do torcedor cotidiano.

O critério para o rebaixamento à Série B em 1999 era a média dos pontos obtidos no campeonato atual (1999) e no anterior (1998). Seriam rebaixados os clubes com as 4 menores médias. Mas, como o número de jogos na primeira fase baixou de 23 para 21 entre 1998 e 1999, era necessário fazer uma média ponderada entre as duas pontuações. A fórmula definida pela CBF para a média de pontos (MP) era:

MP = ( (P98/23) + (P99/21) ) / 2

Sendo P98 a pontuação em 1998 e P99 a pontuação em 1999. No caso de Gama e Botafogo/SP, que não disputaram o Campeonato de 1998 (já que haviam subido da Série B), a fórmula se reduzia a:

MP = P99/21

De acordo com os resultados do campo de jogo, os clubes rebaixados para a série B seriam, pela ordem (Botafogo/SP, média: 1.000; Juventude, média: 1.089; Paraná, média: 1.093 e Botafogo/RJ, média: 1.178). 

Porém, houve o caso Sandro Hiroshi, uma das maiores armações já vistas e documentadas do futebol brasileiro. Segue trecho retirado da wikipédia e confirmado por Beto Meyer (@torcidatricolor) em vista aos arquivos do Jornal do Brasil, na Biblioteca Nacional: 

O Caso Sandro Hiroshi foi um escândalo que ocorreu no futebol do Brasil. O jogador Sandro Hiroshi começou sua carreira no Tocantinópolis Esporte Clube e em 1998 se transferiu para o Rio Branco Esporte Clube de Americana (SP). Em 1999, logo após o término do Campeonato Paulista, o atacante se transferiu do Rio Branco para o São Paulo Futebol Clube e o Tocantinópolis exigiu uma parte do dinheiro envolvido na negociação. Os advogados do clube tocantinense alegavam que a transferência do atleta ao São Paulo seria irregular, pois o jogador teria sido inscrito pelo Rio Branco sem autorização do Tocantinópolis. O clube de Americana, por sua vez, alegava que o atacante se transferira ainda como juvenil e que, nesse caso, não haveria necessidade de autorização por parte do clube tocantinense.

Para evitar que, numa eventual nova negociação, outros times se envolvessem nessa questão, a CBF considerou o passe do atleta "bloqueado", ou seja, o atacante Sandro Hiroshi estava proibido (!!!) de se transferir para outro clube enquanto a pendenga jurídica entre o Rio Branco e o Tocantinópolis não fosse resolvida. É importante salientar que esse "bloqueio" não significava, em hipótese alguma, a ausência de condições de jogo, tanto é que, antes do início do Campeonato Brasileiro, os departamentos técnico e jurídico da CBF deram seu OK às inscrições de todos os atletas pelo São Paulo, inclusive o recém-contratado Sandro Hiroshi.

Logo na terceira rodada do campeonato (no dia 04 de agosto), o São Paulo goleou o Botafogo por 6x1 e, poucos dias depois, o alvinegro entrou com um pedido de anulação dessa partida alegando que, em razão do "bloqueio" de seu passe, o atacante Sandro Hiroshi (que esteve em campo naquela goleada) teria atuado irregularmente. Esse pedido só foi julgado pelo Comissão Disciplinar do TJD em 19 de outubro (ocasião em que o clube carioca já corria sério risco de rebaixamento à Série B), quando simplesmente forjou-se uma interpretação do "bloqueio" segundo a qual o atacante do Sandro Hiroshi realmente teria atuado de forma irregular. Com isso, a Comissão Disciplinar, valendo-se de uma versão obsoleta do CBDF (Código Brasileiro Disciplinar do Futebol), tirou do São Paulo os três pontos daquela goleada e os entregou ao Botafogo. Vale lembrar que não havia, nas regras, a possibilidade de os pontos de uma partida serem atribuídos à equipe perdedora. O que acontecia, nesses casos, era a perda dos pontos conquistados pela equipe punida, e só. Essa "interpretação" que acabou ajudando o Botafogo ocorreu unica e exclusivamente naquele ano, em que o STJD, por "coincidência", era presidido (de forma irregular, diga-se) por um notório botafoguense.

O tricolor paulista ainda recorreu ao TJD, alegando que havia dezenas de outros jogadores com o passe "bloqueado" e conseqüentemente em situação tão "irregular" quanto a de Sandro Hiroshi. Em julgamento realizado no dia 03 de novembro, porém, o TJD (que atuou "ilegalmente", pois o tribunal estava formado exclusivamente por membros indicados pela OAB-RJ quando, de acordo com a lei, os representantes deveriam ser apontados pela OAB nacional) apenas ratificou a decisão da primeira instância.

Posteriormente, o Internacional (que também brigava desesperadamente contra o rebaixamento) também ganhou da Comissão Disciplinar o ponto do seu jogo contra o São Paulo, em virtude da "escalação irregular" de Sandro Hiroshi. Diferentemente do Botafogo o Internacional ganhou apenas um ponto pois havia empatado o jogo contra o São Paulo. Com esses pontos, o Botafogo terminou o campeonato com média de aproveitamento superior à do Gama e acabou salvo do rebaixamento à Série B. O Internacional se salvaria do rebaixamento à Série B mesmo se se não tivesse ganho o ponto da partida contra o São Paulo."

Porém, com a decisão do STJD, as menores médias ficaram assim: (Botafogo/SP, média: 1.000; Juventude, média: 1.089; Paraná, média: 1.093 e Gama, média: 1.238).

Ou seja: o Botafogo escapou do rebaixamento e o Gama/DF juntou-se a Botafogo/SP, Juventude e Paraná como rebaixado à Série B em 2000.


Gama entra na justiça e CBF decide realizar a Copa João Havelange


Por não aceitar o seu rebaixamento para a série B, devido aos fatos descritos na primeira parte, o Gama foi à Justiça comum, com apoio do Sindicato dos Técnicos de Futebol do Distrito Federal e também, incrivelmente, pelo PFL, um partido político de direita (hoje, DEM), que era muito influente na época. O Gama exigia sua reintegração à série A, direito absolutamente legítimo já que o rebaixado deveria ser o Botafogo RJ. 

Como em junho de 2000 a Justiça ainda não tinha julgado o caso em todas as instâncias, a CBF foi impedida de realizar a competição e pressionada pela FIFA, chegou a um acordo com o Clube dos Treze (reunião dos 20 maiores clubes do Brasil, criado em 1987), para que este organizasse um Campeonato Brasileiro próprio, porém com chancela da CBF (que não tinha a força que tem hoje), e que definiria também as vagas brasileiras para a Libertadores da América. Este torneio se chamaria Copa João Havelange e obviamente excluiria o Gama, que fora afastado das competições pela FIFA (devido ao processo na Justiça Comum).

O Gama não se fez de rogado e, novamente, ganhou o direito na Justiça de ser incluido no novo campeonato brasileiro. Com o temor de uma série de liminares de outros clubes, optou-se pela unificação das três divisões em um único torneio. A competição foi dividida em quatro módulos. Cada módulo teve um número diferente de participantes e também a sua fórmula de disputa. Apesar dos módulos serem divididos seguindo a divisão de escalão da edição anterior, eles não representavam escalões inferiores, fazendo com que no ano de 2000 não existisse a Série B e C. A reunião dos 116 clubes formou uma única divisão e apesar de os módulos não terem o mesmo peso, todos eles faziam parte da Copa João Havelange. 

O módulo relativo à Séria A, chamado de Azul, possuia 25 clubes: os 20 que ficariam na primeira divisão do ano anterior, mais o Fluminense, Bahia, Juventude, América/MG e Gama, que retirou o processo na Justiça Comum e foi reintegrado pela FIFA. O módulo Amarelo, que poderia ser comparado hoje à Série B, era composto por  36 clubes: os 20 que, pelos critérios de acesso e descenso do ano anterior, deveriam disputar a Série B, menos os 5 citados acima, mais 21 clubes convidados pelo Clube dos 13, com aval da CBF.

Como vimos acima, a Copa João Havelange foi uma solução emergencial, criada pelo Clube dos Treze para salvar-se de um desastre financeiro e político, devido ao tapetão gerado pelo caso Sandro Hiroshi no ano anterior.  Um torneio natimorto, que praticamente ZEROU o futebol brasileiro e suas divisões.

Em 2001, a CBF, que retomou o controle da competição, manteve na nova Série A os 25 clubes que disputaram o Módulo Azul da Copa João Havelange, convidando ainda Paraná e São Caetano (respectivamente campeão e vice do Módulo Amarelo), mais o Botafogo de Ribeirão Preto, que teoricamente deveria ter sido rebaixado em 1999. 

Quando torcedores de times adversários ficam com a tal "paguem a Série B", demonstram claramente desconhecimento dos fatos que geraram a Copa João Havelange. Um imbróglio jurídico causado pelo caso Sandro Hiroshi, com o qual o Fluminense nada teve.


Fonte: Beto Meyer (torcidatricolor.com.br) / Pesquisas 
*A matéria foi fruto de pesquisas do editor do portal Torcida Tricolor, Beto Meyer, e todos os créditos deverão ser creditados à ele. Poucas adições minhas estão no texto, pois as pesquisas que realizei só confirmaram os fatos já escritos. Grato.


Abs.
ST!


Rafael Barros