Viradas de mesa no futebol brasileiro (entre 1974-2005)




Os fatos que vocês irão ler mostram o lado obscuro do futebol brasileiro, e a página mais vergonhosa da história do esporte.

1974
O Vasco ganha na Justiça Desportiva o direito de fazer a final com o Cruzeiro, disputada em uma só partida, no seu estádio, por conta da invasão de um torcedor no Mineirão, na fase classificatória. No Maracanã, os cariocas venceram. Sobram boatos de que o mando de campo foi comprado, pois a diretoria do Cruzeiro mal reclamou da decisão.

1982
O Palmeiras é rebaixado. Em vez de disputar a segundona em 83, é inventada a Taça de Prata, cujo campeão somava-se aos classificados para a fase final da Séria A no mesmo ano. O Palmeiras vence o torneio e, assim, volta ao grupo de elite sem jogar a segundona.

1983
Mesma coisa do ano anterior, agora beneficiando Corinthians e Atlético-PR.

1986
O Brasil de Pelotas-RS foi 3° colocado do Brasileirão de 1985. Porém, inexplicavelmente, eles foram rebaixados diretamente para a Terceira Divisão. Deve ter sido castigo dado pelos corruptos do esporte na época por ter ganhado do Flamengo nos dois anos anteriores...

1987
O Botafogo deveria disputar a Segunda Divisão, porém com a criação da Copa União, ficou no grupo de elite, o Módulo Verde. Em compensação, o América-RJ, 3° no campeonato anterior e com um time histórico, disputou o Módulo Amarelo (na prática, a Segundona)

1989
O Vasco da Gama havia ganho o direito de disputar jogos decisivos no mesmo horário dos rivais. O Coritiba quis o mesmo na segunda fase, antes de um jogo contra o Santos, que a CBF (então comandada por um velho decrépito chamado Octávio Pinto e com os nefastos Nabi Abi Chedid e Eurico Miranda de vices-presidentes eleitos) tinha marcado em horários diferentes.

Absurdamente, a CBF negou o direito do Coxa, que não foi a campo. Resultado: Rebaixamento para o time paranaense.

1992
Foi tentado uma virada de mesa para não rebaixar Grêmio e Vitória, mas evidentemente Internacional e Bahia rechaçaram a ideia que beneficiaria os rivais, após no Clube dos 13. Para não correr riscos com o Grêmio, rebaixado para a Série B de 1991, é definido o ascenso de 12 times, ao invés de dois como eram nos anos anteriores. O Imortal terminou em 9º lugar.

1993
Com 32 times, um grupo de elite é formado nos grupos A e B. Os menores ficam  nos grupos C e D. A divisão é por critérios políticos, já que times que foram bem na Série B de 92 (Vitória e Paraná), terminam nos grupos C e D assim como a Portuguesa, que foi bem na Série A de 1992. Já o Grêmio, 9º colocado da Série B em 1992, vai direto para o grupo de elite... Ah, e não havia rebaixamento nos grupos A e B. Uma vergonha, muito pior do que o ocorrido de 1992.

1996
Fluminense é rebaixado em campo, mas os clubes e a CBF entram em um ''consenso'' decidem recolocar o tricolor das Laranjeiras na Série A em 1997 por conta da tradição.

1999
O Botafogo leva 6 a 1 do São Paulo mas ganha os pontos da partida, por um erro do STJD botafoguense comandado pelo ridículo Luiz Zveiter que adotou uma análise bizarra de seus próprios regulamentos. Sandro Hiroshi atuou com inscrição irregular: tinha registro em federações de dois Estados brasileiros. Os pontos salvam o Botafogo (e não o Internacional, que escaparia de qualquer maneira se não houvessem resultados invertidos) e resultam no rebaixamento do Gama. Mais detalhes aqui.

2000
O Gama, rebaixado em função dos pontos conquistados pelo Botafogo nos tribunais desportivos, entra na Justiça Comum e ganha liminar. O Clube dos 13 organiza Copa João Havelange, com o Gama. Aproveitando o embalo, sobem o Fluminense, o Juventude e o Bahia, que tecnicamente deveriam disputar a Série B 2000. Assim como no ano anterior, clique aqui para saber mais detalhes sobre o episódio.

2005

Em 2005, o árbitro Edílson Pereira de Carvalho assume estar envolvido em esquema de manipulação de jogos. Ele tinha apitado 11 jogos, mas só três estavam envolvidos no esquema.

Porém, inexplicavelmente e contra todas as recomendações e contra declarações dele mesmo, o presidente do STJD Luiz Zveiter anula todos os 11 jogos na manhã de domingo, 1° de outubro. Ao invés de líder, o Internacional acorda em terceiro lugar, atrás do Corinthians e do Goiás.

A decisão é claramente favorável ao Corinthians, que tinha perdido dois dos jogos anulados e que seriam remarcados. E iria contra o próprio código da Justiça Desportiva.

O curioso ocorreu no jogo Juventude x Fluminense. Edílson tinha sido pago para beneficiar o Flu, mas o Juventude venceu. Porém como todos os 11 jogos foram anulados, o Flu teve a chance de jogar de novo e acabou ganhando a partida em Caxias do Sul. Ou seja, a remarcação acabou dando exatamente o resultado exigido pelos corruptores.

O impacto é imediato no ânimo dos torcedores: no mesmo dia, um confronto generalizado ocorre em Internacional 2x2 Fluminense, e no jogo remarcado Santos x Corinthians o time da capital goleia com vários santistas sendo expulsos e o estádio interditado. O Corinthians chega a estar 11 pontos na frente do Inter, que recupera terreno até a "decisão", antepenúltima rodada no Pacaembu, dia 20 de novembro.

Neste jogo, depois de sair perdendo para o Timão com 1 gol de Carlos Tévez, o Inter empata com Rafael Sobis. No finalzinho da partida, Tinga sofre pênalti claro de Fábio Costa mas o árbitro Márcio Rezende de Freitas não marca e ainda expulsa Tinga, acusado de simular a infração. O jogo termina 1x1 e o Corinthians é campeão por três pontos. Caso os resultados originais tivessem sido mantidos, o Internacional seria campeão com um ponto de vantagem.

Depois disto, o presidente do STJD é afastado do cargo em decisão do Conselho Nacional de Justiça. O último capítulo desta história aconteceu no final do ano passado, quando o ex-presidente corinthiano Alberto Dualib afirmou, em escutas telefônicas, que o Corinthians foi campeão em 2005 por causa de um jogo roubado.

Um dos capítulos mais negros da história do futebol brasileiro. E um sentimento de revolta que marca até hoje os colorados, que secam o Corinthians tão ou mais que o eterno rival Grêmio.

A ausência de alguns clubes grandes nesse levantamento não sugere que os mesmos estão ''limpos'', pois as viradas de mesa são apenas um entre os vários tipos de escândalos que ocorreram na história do nosso futebol. Ainda temos escândalos de arbitragem (combinação de resultados e compra de juízes), malas pretas, suborno, e os clubes aqui não mencionados certamente estão envolvidos em alguns desses episódios, infelizmente.


Fonte: Pesquisas online e em jornais antigos / Alexandre Perin (clickrbs)


Abs,

Rafael Barros

Os clubes beneficiados pelas chamadas ''Viradas de mesa''





Ao longo das edições do Campeonato Brasileiro, muitas vezes o regulamento foi mudado ''repentinamente'' durante a competição. Segundo o levantamento feito por mim, ao todo 45 equipes já foram beneficiadas (direta ou indiretamente) por estas modificações. São as tristes e famosas "Viradas de Mesa".

Eis os clubes:

América-MG
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi resgatado diretamente da Segunda Divisão, onde estava em 1999, para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2000 ( a Copa João Havelange)

América-RJ
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

América-RN
Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Americano-RJ
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Anapolina-GO
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Bahia
Foi resgatado diretamente da Segunda Divisão, onde estava em 1999, para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2000 ( a Copa João Havelange)

Bandeirante-DF
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Bangu-RJ
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Botafogo-RJ
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Botafogo-SP
Foi resgatado do Módulo Amarelo, equivalente a Segunda Divisão de 2000, diretamente para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2001.

Bragantino-SP
Ao se classificar em último lugar, entre os 24 participantes do Campeonato Brasileiro de 1996, deveria ter sido rebaixado, no entanto, a CBF alegou a existência de problemas relacionados à arbitragem e cancelou o rebaixamento.

Brasil-RS
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Caxias-RS
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Ceará
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Central-PE
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1997 foi cancelado.

Comercial-MS
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Coritiba
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Criciúma
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

CSA
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Desportiva
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Figueirense
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.


Fluminense
Ao ficar em penúltimo lugar entre os 24 participantes do Campeonato Brasileiro de 1996, deveria ter sido rebaixado, no entanto, a CBF alegou a existência de problemas relacionados à arbitragem e cancelou o rebaixamento.

Foi resgatado diretamente da Segunda Divisão, onde tinha conseguido acesso ao ser campeão da Terceira Divisão em 1999, para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2000 (a Copa João Havelange). Leia mais aqui.

Fortaleza
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Goiás
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Goiatuba-GO
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1997 foi cancelado.

Grêmio
O Regulamento do Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão de 1992 previa o acesso de apenas duas equipes, no entanto, com uma fraca campanha durante a Primeira Fase, o Grêmio foi beneficiado pela mudança do regulamento que passou a classificar 12 equipes para a Primeira Divisão de 1993.

Joinville-SC
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Juventude
De acordo com o regulamento do Campeonato Brasileiro de 1999, que considerava a média de pontos, o Juventude teria sido rebaixado, no entanto, a confusão provocada pelos problemas que envolveram a falsificação de documentos do jogador Sandro Hiroshi, permitiu que seu rebaixamento fosse cancelado.

Marcílio Dias
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Nacional-AM
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Náutico
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Paraná
Foi resgatado do Módulo Amarelo, equivalente a Segunda Divisão de 2000, diretamente para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2001.

Paysandu
Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Ponte Preta
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1996 foi cancelado.

Remo
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Ríver-PI
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Santa Cruz
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Santos
Em 1982, o Santos ficou apenas em décimo no campeonato paulista que era classificatório para o campeonato brasileiro. Deveria disputar a Taça de Prata em 1983, no entanto, o critério para definição dos participantes foi deixado de lado, e o Santos foi convidado a disputar a Taça de Ouro de 1983, quando chegou a um surpreendente vice-campeonato.

São Caetano
Foi resgatado do Módulo Amarelo, equivalente a Segunda Divisão de 2000, diretamente para a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de 2001.

Sergipe
Rebaixamento para a Terceira Divisão de 1997 foi cancelado.

Serra-ES
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Sobradinho
Beneficiado pela mudança de regra durante a Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o que resultou em sua classificação para a Segunda Fase. (mais detalhes no texto sobre o Vasco da Gama)

União São João
Acesso conseguido para a Primeira Divisão de 1993 graças à mudança de regulamento que aconteceu durante a Primeira Fase da Segunda Divisão de 1992. (vide texto do Grêmio)

Foi salvo do rebaixamento em 1999 para a Terceira Divisão e resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.

Vasco da Gama
O regulamento do Campeonato Brasileiro de 1974 previa que a final do campeonato teria como mandante a equipe com melhor campanha ao longo de todo o campeonato. No caso o jogo seria no Mineirão, uma vez que o Cruzeiro tinha a melhor campanha, no entanto a equipe mineira foi punida, devido problemas ocorridos em um jogo anterior realizado no Mineirão frente o próprio Vasco da Gama. A CBD (atual CBF) não apenas tirou a partida final do Mineirão como colocou no Maracanã, isto é, o regulamento foi ignorado.

O mesmo fato ocorrido com o Santos aconteceu com o Vasco em 1983, quando ficou em nono no estadual daquele ano e foi “levado” para a Taca de Ouro de 1984, quando também conquistou o vice-campeonato.

Na Primeira Fase do Campeonato Brasileiro de 1986, o regulamento previa a classificação de 6 equipes em cada um dos grupos que contava com 11 participantes. A equipe carioca fazia má campanha e inúmeras manobras foram feitas tendo em vista punir outras equipes, com perda de pontos, entre elas o Joinville e a Portuguesa. A solução foi aumentar o número de equipes classificadas, o que significou a classificação do Vasco para a Segunda Fase.

Villa Nova-MG
Foi resgatado para o Módulo Amarelo, Segunda Divisão, da Copa João Havelange em 2000.


A ausência de alguns clubes grandes nesse levantamento não sugere que os mesmos estão ''limpos'', pois as viradas de mesa são apenas um entre os vários tipos de escândalos que ocorreram na história do nosso futebol. Ainda temos escândalos de arbitragem (combinação de resultados e compra de juízes), malas pretas, suborno, e os clubes aqui não mencionados certamente estão envolvidos em alguns desses episódios, infelizmente.


Fonte: Pesquisas próprias 


Abs,

Rafael Barros

O escândalo das ''papeletas amarelas''




300 mil cruzados (moeda da época) foram parar na conta de um dirigente do Flamengo. Alegação era de que o dinheiro iria ser usado em operações para facilitar o título carioca do Rubro-Negro naquele ano.

13/10/1986 - O escândalo das Papeletas Amarelas em poucas palavras ocorreu devido a um conflito político interno no Clube de Regatas do Flamengo que fez ficar evidente na época que o clube destinava parte de suas receitas para a compra de árbitros e adversários. As provas (notas fiscais* de cor amarela - daí o nome do episódio) da picaretagem surgiram nesse ano, mas o esquema em si ninguém sabe quando começou.

O escândalo ocorreu durante a administração do presidente George Helal com valores que pode ter chegado a 4 milhões de cruzados - quantia igual gasta na época pela equipe rubro negro pelo atacante Kita. Apos as denuncias, o conselho deliberativo do clube queria saber onde tinham sido gastos os 300,00 mil cruzados depositados na conta do vice presidente de esportes amadores, Leo Rabelo.

Duas versões surgiram na época: a do vice presidente Leo Rabelo que garantiu que o dinheiro fora usado para pagamentos a atletas amadores e profissional, mas não apresentou recibo provando o que dissera em sua defesa. Helal, que numa reunião com dirigentes do Flamengo reafirmou que o

dinheiro fora entregue ao diretor de árbitros da Federação, Paulo Antunes, resolveu dar um ponto final ao caso: "Os 300,00 mil cruzados foram distribuídos como doping positivo para incentivar os clubes pequenos contra nossos rivais". Foi uma saída esperto do dirigente. Como subornador de árbitros, Helal seria incurso no artigo 288 no Código Brasileiro Disciplinar de Futebol e estaria eliminado do esporte. Como aplicador de "doping positivo", passaria para o 289 e sua pena seria de 90 a 360 dias

Abaixo os vídeos com as várias explicações dadas por figuras do clube na época. Prestem atenção nas palavras do advogado do Flamengo e no jovem repórter Tino Marcos.

O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte I



O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte II 

 

O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte III 

 

O escândalo das Papeletas Amarelas do Flamengo - Parte IV 

 

Polêmica antes da final do Carioca de 1986 

 

* A expressão "notas fiscais" foi utilizada aqui em sentido figurado, cabe a explicação: o conteúdo das papeletas amarelas provavelmente era mais semelhante ao dos famosos "caderninhos" encontrados nas casas dos traficantes de drogas quando presos, que possibilitam um mínimo de controle contábil.



Fonte: Apito Nacional

Abs.
ST!


Rafael Barros

Fluminense e o acesso da série C para a série A: Entenda



Porque o Fluminense não disputou a segunda divisão e a virada de mesa dos seus adversários. Entenda:

Após o rebaixamento para a terceira divisão em 1998, o Fluminense contratou toda a comissão técnica da seleção brasileira, capitaneada por Carlos Alberto Parreira, e sagrou-se campeão brasileiro da série C em 1999, conquistando o direito legítimo de disputar a segunda divisão no ano 2000.

A partir desse ponto uma série de fatos ocorreu, e várias questões foram levantadas: Por que o Fluminense não disputou a série B, jogando diretamente a série A? Virada de mesa do Fluminense? Acordo de bastidores para ajudar o clube? Neste texto vamos ver o que realmente aconteceu e quem realmente "virou a mesa".

O Campeonato Brasileiro de 1999


Enquanto disputava a série C, em 1999, os torcedores do Fluminense assistiam a um dos mais vergonhosos episódios do futebol brasileiro, cujos principais responsáveis são bem conhecidos por todos. Neste campeonato, a CBF mudou o critério de rebaixamento, claramente para favorecer os clubes de maior expressão. A entidade que organiza o futebol brasileiro determinou que cairiam para a Série B, em 2000, os quatro clubes que tivessem a menor média de pontos nos campeonatos de 1998 e 1999, critério que nunca tinha sido adotado anteriormente, e cuja fórmula de cálculo era complexa para a visão do torcedor cotidiano.

O critério para o rebaixamento à Série B em 1999 era a média dos pontos obtidos no campeonato atual (1999) e no anterior (1998). Seriam rebaixados os clubes com as 4 menores médias. Mas, como o número de jogos na primeira fase baixou de 23 para 21 entre 1998 e 1999, era necessário fazer uma média ponderada entre as duas pontuações. A fórmula definida pela CBF para a média de pontos (MP) era:

MP = ( (P98/23) + (P99/21) ) / 2

Sendo P98 a pontuação em 1998 e P99 a pontuação em 1999. No caso de Gama e Botafogo/SP, que não disputaram o Campeonato de 1998 (já que haviam subido da Série B), a fórmula se reduzia a:

MP = P99/21

De acordo com os resultados do campo de jogo, os clubes rebaixados para a série B seriam, pela ordem (Botafogo/SP, média: 1.000; Juventude, média: 1.089; Paraná, média: 1.093 e Botafogo/RJ, média: 1.178). 

Porém, houve o caso Sandro Hiroshi, uma das maiores armações já vistas e documentadas do futebol brasileiro. Segue trecho retirado da wikipédia e confirmado por Beto Meyer (@torcidatricolor) em vista aos arquivos do Jornal do Brasil, na Biblioteca Nacional: 

O Caso Sandro Hiroshi foi um escândalo que ocorreu no futebol do Brasil. O jogador Sandro Hiroshi começou sua carreira no Tocantinópolis Esporte Clube e em 1998 se transferiu para o Rio Branco Esporte Clube de Americana (SP). Em 1999, logo após o término do Campeonato Paulista, o atacante se transferiu do Rio Branco para o São Paulo Futebol Clube e o Tocantinópolis exigiu uma parte do dinheiro envolvido na negociação. Os advogados do clube tocantinense alegavam que a transferência do atleta ao São Paulo seria irregular, pois o jogador teria sido inscrito pelo Rio Branco sem autorização do Tocantinópolis. O clube de Americana, por sua vez, alegava que o atacante se transferira ainda como juvenil e que, nesse caso, não haveria necessidade de autorização por parte do clube tocantinense.

Para evitar que, numa eventual nova negociação, outros times se envolvessem nessa questão, a CBF considerou o passe do atleta "bloqueado", ou seja, o atacante Sandro Hiroshi estava proibido (!!!) de se transferir para outro clube enquanto a pendenga jurídica entre o Rio Branco e o Tocantinópolis não fosse resolvida. É importante salientar que esse "bloqueio" não significava, em hipótese alguma, a ausência de condições de jogo, tanto é que, antes do início do Campeonato Brasileiro, os departamentos técnico e jurídico da CBF deram seu OK às inscrições de todos os atletas pelo São Paulo, inclusive o recém-contratado Sandro Hiroshi.

Logo na terceira rodada do campeonato (no dia 04 de agosto), o São Paulo goleou o Botafogo por 6x1 e, poucos dias depois, o alvinegro entrou com um pedido de anulação dessa partida alegando que, em razão do "bloqueio" de seu passe, o atacante Sandro Hiroshi (que esteve em campo naquela goleada) teria atuado irregularmente. Esse pedido só foi julgado pelo Comissão Disciplinar do TJD em 19 de outubro (ocasião em que o clube carioca já corria sério risco de rebaixamento à Série B), quando simplesmente forjou-se uma interpretação do "bloqueio" segundo a qual o atacante do Sandro Hiroshi realmente teria atuado de forma irregular. Com isso, a Comissão Disciplinar, valendo-se de uma versão obsoleta do CBDF (Código Brasileiro Disciplinar do Futebol), tirou do São Paulo os três pontos daquela goleada e os entregou ao Botafogo. Vale lembrar que não havia, nas regras, a possibilidade de os pontos de uma partida serem atribuídos à equipe perdedora. O que acontecia, nesses casos, era a perda dos pontos conquistados pela equipe punida, e só. Essa "interpretação" que acabou ajudando o Botafogo ocorreu unica e exclusivamente naquele ano, em que o STJD, por "coincidência", era presidido (de forma irregular, diga-se) por um notório botafoguense.

O tricolor paulista ainda recorreu ao TJD, alegando que havia dezenas de outros jogadores com o passe "bloqueado" e conseqüentemente em situação tão "irregular" quanto a de Sandro Hiroshi. Em julgamento realizado no dia 03 de novembro, porém, o TJD (que atuou "ilegalmente", pois o tribunal estava formado exclusivamente por membros indicados pela OAB-RJ quando, de acordo com a lei, os representantes deveriam ser apontados pela OAB nacional) apenas ratificou a decisão da primeira instância.

Posteriormente, o Internacional (que também brigava desesperadamente contra o rebaixamento) também ganhou da Comissão Disciplinar o ponto do seu jogo contra o São Paulo, em virtude da "escalação irregular" de Sandro Hiroshi. Diferentemente do Botafogo o Internacional ganhou apenas um ponto pois havia empatado o jogo contra o São Paulo. Com esses pontos, o Botafogo terminou o campeonato com média de aproveitamento superior à do Gama e acabou salvo do rebaixamento à Série B. O Internacional se salvaria do rebaixamento à Série B mesmo se se não tivesse ganho o ponto da partida contra o São Paulo."

Porém, com a decisão do STJD, as menores médias ficaram assim: (Botafogo/SP, média: 1.000; Juventude, média: 1.089; Paraná, média: 1.093 e Gama, média: 1.238).

Ou seja: o Botafogo escapou do rebaixamento e o Gama/DF juntou-se a Botafogo/SP, Juventude e Paraná como rebaixado à Série B em 2000.


Gama entra na justiça e CBF decide realizar a Copa João Havelange


Por não aceitar o seu rebaixamento para a série B, devido aos fatos descritos na primeira parte, o Gama foi à Justiça comum, com apoio do Sindicato dos Técnicos de Futebol do Distrito Federal e também, incrivelmente, pelo PFL, um partido político de direita (hoje, DEM), que era muito influente na época. O Gama exigia sua reintegração à série A, direito absolutamente legítimo já que o rebaixado deveria ser o Botafogo RJ. 

Como em junho de 2000 a Justiça ainda não tinha julgado o caso em todas as instâncias, a CBF foi impedida de realizar a competição e pressionada pela FIFA, chegou a um acordo com o Clube dos Treze (reunião dos 20 maiores clubes do Brasil, criado em 1987), para que este organizasse um Campeonato Brasileiro próprio, porém com chancela da CBF (que não tinha a força que tem hoje), e que definiria também as vagas brasileiras para a Libertadores da América. Este torneio se chamaria Copa João Havelange e obviamente excluiria o Gama, que fora afastado das competições pela FIFA (devido ao processo na Justiça Comum).

O Gama não se fez de rogado e, novamente, ganhou o direito na Justiça de ser incluido no novo campeonato brasileiro. Com o temor de uma série de liminares de outros clubes, optou-se pela unificação das três divisões em um único torneio. A competição foi dividida em quatro módulos. Cada módulo teve um número diferente de participantes e também a sua fórmula de disputa. Apesar dos módulos serem divididos seguindo a divisão de escalão da edição anterior, eles não representavam escalões inferiores, fazendo com que no ano de 2000 não existisse a Série B e C. A reunião dos 116 clubes formou uma única divisão e apesar de os módulos não terem o mesmo peso, todos eles faziam parte da Copa João Havelange. 

O módulo relativo à Séria A, chamado de Azul, possuia 25 clubes: os 20 que ficariam na primeira divisão do ano anterior, mais o Fluminense, Bahia, Juventude, América/MG e Gama, que retirou o processo na Justiça Comum e foi reintegrado pela FIFA. O módulo Amarelo, que poderia ser comparado hoje à Série B, era composto por  36 clubes: os 20 que, pelos critérios de acesso e descenso do ano anterior, deveriam disputar a Série B, menos os 5 citados acima, mais 21 clubes convidados pelo Clube dos 13, com aval da CBF.

Como vimos acima, a Copa João Havelange foi uma solução emergencial, criada pelo Clube dos Treze para salvar-se de um desastre financeiro e político, devido ao tapetão gerado pelo caso Sandro Hiroshi no ano anterior.  Um torneio natimorto, que praticamente ZEROU o futebol brasileiro e suas divisões.

Em 2001, a CBF, que retomou o controle da competição, manteve na nova Série A os 25 clubes que disputaram o Módulo Azul da Copa João Havelange, convidando ainda Paraná e São Caetano (respectivamente campeão e vice do Módulo Amarelo), mais o Botafogo de Ribeirão Preto, que teoricamente deveria ter sido rebaixado em 1999. 

Quando torcedores de times adversários ficam com a tal "paguem a Série B", demonstram claramente desconhecimento dos fatos que geraram a Copa João Havelange. Um imbróglio jurídico causado pelo caso Sandro Hiroshi, com o qual o Fluminense nada teve.


Fonte: Beto Meyer (torcidatricolor.com.br) / Pesquisas 
*A matéria foi fruto de pesquisas do editor do portal Torcida Tricolor, Beto Meyer, e todos os créditos deverão ser creditados à ele. Poucas adições minhas estão no texto, pois as pesquisas que realizei só confirmaram os fatos já escritos. Grato.


Abs.
ST!


Rafael Barros